26/01/2020, 5:30
O Metrópoles se desafiou a contar a
história de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal em 2019. Foram
365 dias monitorando os casos ocorridos em Brasília e em suas regiões
administrativas a partir dos registros da Secretaria de Segurança, do
Ministério Público, do Corpo de Bombeiros Militar e das Polícias Civil e
Militar. Publicamos perfis de 33
mulheres com níveis sociais completamente diferentes, mas conectadas por uma
realidade em comum: foram vítimas do ciclo de violência atrelado à cultura
machista.
Os assassinos eram pessoas com
quem as vítimas deveriam se sentir seguras. Entre os feminicidas, estão
namorados, maridos, ex-companheiros, irmão, cunhado, filho, sobrinho e até um
vizinho. Em apenas três casos o algoz era desconhecido. Na trajetória de vida
de cada uma dessas mulheres, é possível
mapear a escalada da violência. A morte chegou para elas após dias ou décadas
de ameaças. Esse padrão de comportamento fica ainda mais claro a partir do
levantamento de histórias e dados feito pelas nossas 31 repórteres.
Para encerrar o projeto Elas por
Elas, apresentamos os números coletados durante um ano de apuração. Depois de
conversar diariamente com especialistas, sobreviventes, órfãos e famílias
feridas, chegamos a uma conclusão: apesar de as leis Maria da Penha e do
feminicídio serem importantes na punição desses criminosos, elas não são
suficientes para cessar esse tipo de violência.
Acabar com a cultura machista é
a única forma de salvar futuras vítimas. Por isso, a discussão sobre
masculinidade tóxica precisa estar nas salas de aula e nas conversas em volta
da mesa de jantar.
Os números de violência contra a
mulher são aterrorizantes: 16.954 boletins de ocorrência, enquadrados na Lei
Maria da Penha, foram registrados em delegacias do DF; 89 vítimas sobreviveram
a tentativas de feminicídios; e 33 ataques resultaram em morte. Os dados
superaram os de 2018. Por isso, o Metrópoles se compromete a publicar matérias
sobre esse tema a fim de alertar mulheres em situações de vulnerabilidade e,
sobretudo, de chamar a atenção das autoridades para a questão. Não aceitamos
perder nossas vidas para esse machismo desenfreado.
Leia mais: Fonte - https://www.metropoles.com/materias-especiais/elas-por-elas-os-numeros-por-tras-dos-feminicidios-em-2019-no-df