domingo, 26 de janeiro de 2020

OS NÚMEROS POR TRÁS DOS FEMINICÍDIOS EM 2019 NO DF

O Metrópoles monitorou durante 365 dias todos os casos de mortes violentas de mulheres na capital federal


Rafaela Lima

26/01/2020, 5:30


O Metrópoles se desafiou a contar a história de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal em 2019. Foram 365 dias monitorando os casos ocorridos em Brasília e em suas regiões administrativas a partir dos registros da Secretaria de Segurança, do Ministério Público, do Corpo de Bombeiros Militar e das Polícias Civil e Militar.  Publicamos perfis de 33 mulheres com níveis sociais completamente diferentes, mas conectadas por uma realidade em comum: foram vítimas do ciclo de violência atrelado à cultura machista.

Os assassinos eram pessoas com quem as vítimas deveriam se sentir seguras. Entre os feminicidas, estão namorados, maridos, ex-companheiros, irmão, cunhado, filho, sobrinho e até um vizinho. Em apenas três casos o algoz era desconhecido. Na trajetória de vida de cada uma dessas mulheres, é  possível mapear a escalada da violência. A morte chegou para elas após dias ou décadas de ameaças. Esse padrão de comportamento fica ainda mais claro a partir do levantamento de histórias e dados feito pelas nossas 31 repórteres.



Para encerrar o projeto Elas por Elas, apresentamos os números coletados durante um ano de apuração. Depois de conversar diariamente com especialistas, sobreviventes, órfãos e famílias feridas, chegamos a uma conclusão: apesar de as leis Maria da Penha e do feminicídio serem importantes na punição desses criminosos, elas não são suficientes para cessar esse tipo de violência. 

Acabar com a cultura machista é a única forma de salvar futuras vítimas. Por isso, a discussão sobre masculinidade tóxica precisa estar nas salas de aula e nas conversas em volta da mesa de jantar.

Os números de violência contra a mulher são aterrorizantes: 16.954 boletins de ocorrência, enquadrados na Lei Maria da Penha, foram registrados em delegacias do DF; 89 vítimas sobreviveram a tentativas de feminicídios; e 33 ataques resultaram em morte. Os dados superaram os de 2018. Por isso, o Metrópoles se compromete a publicar matérias sobre esse tema a fim de alertar mulheres em situações de vulnerabilidade e, sobretudo, de chamar a atenção das autoridades para a questão. Não aceitamos perder nossas vidas para esse machismo desenfreado.


Leia mais: Fonte - https://www.metropoles.com/materias-especiais/elas-por-elas-os-numeros-por-tras-dos-feminicidios-em-2019-no-df